
Leishmaniose: cuidados e prevenção
A leishmaniose é um conjunto de doenças graves e infecciosas. Elas podem atingir tanto os pets quanto os humanos, e são provocadas por diversas espécies de protozoários do gênero leishmania.
A transmissão da leishmaniose é feita por insetos (flebotomíneos) que se alimentam de sangue, especialmente o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis). Eles apresentam coloração bege ou cinza, são menores do que os mosquitos comuns e têm as asas eretas sobre o corpo durante o repouso.
Atualmente, as leishmanioses podem ser classificadas em dois tipos principais: a leishmaniose cutânea e a leishmaniose visceral. Os animais silvestres e os insetos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo são as principais fontes de infecção.
No entanto, os cães domésticos são considerados reservatórios importantes da doença, os principais hospedeiros em áreas urbanas como Florianópolis – e merecem um cuidado especial. A partir deles, os mosquitos podem facilmente levar a doença para as pessoas.
Um estudo científico da Universidade do Sul de Santa Catarina, coordenado pelo Professor Adriano de Souza Neto e seus colaboradores, realizou uma análise retrospectiva de exames laboratoriais para Leishmaniose. Os pesquisadores avaliaram 848 cães da região da grande Florianópolis, entre o período dos anos de 2012 e 2016. Os resultados mostraram que 144 animais (17% da amostra), possuíam resultados positivos nos exames de sangue.
Hoje, a Leishmaniose é considerada um grande problema de saúde pública. Nesse texto, de forma resumida, nós vamos mostrar como ela acontece e quais as melhores formas de prevenção.
O Ciclo da Leishmaniose
O ciclo da doença começa quando o mosquito se infecta com formas imaturas do protozoário ao picar um animal contaminado. Estas formas se desenvolvem dentro do organismo do inseto, amadurecem e ganham a capacidade de contaminar animais vertebrados, como cães e seres humanos.
Nessa fase, caso o mosquito venha a picar outra pessoa ou animal, irá contaminá-lo com a forma infectante da doença. O parasita (protozoário leishmania) se instala na medula óssea do cão ou da pessoa infectada, diminuindo a sua produção de plaquetas. Ele também pode se alojar no fígado, no baço e, nas fases mais avançadas, em outras partes do corpo, como linfonodos e intestino.
Leishmaniose Cutânea
A leishmaniose cutânea é uma doença de curso crônico. O animal pode manter-se estável (sem sinais clínicos) sistemicamente por um período. No entanto, as lesões podem aparecer e evoluir extensivamente e em grande quantidade.
Cães contaminados com os protozoários da leishmaniose cutânea costumam sofrer com alopecias (falhas na pelagem), lesões ulceradas nas orelhas, bolsa escrotal, focinho e face. As feridas podem aumentar de tamanho, com formação de crostas e secreções purulentas, com dificuldade no processo de cicatrização.
A leishmaniose não é comum em gatos, mas a forma cutânea é a que mais atinge os felinos. Ela pode provocar lesões crostosas e ulceradas nos lábios, plano nasal, pálpebras e orelhas.
Em seres humanos, a leishmaniose cutânea pode se manifestar através de feridas que não doem e que não curam. Procurar um serviço médico é fundamental para identificar e tratar a doença.
Leishmaniose Visceral
A leishmaniose visceral é uma enfermidade sistêmica e que necessita de tratamento imediato. Em seres humanos, ela atinge principalmente o fígado, baço, linfonodos, medula óssea e pele. No entanto, nos estágios mais avançados, todos os órgãos podem ser afetados. Se não for tratada, pode evoluir para óbito em até 90% dos casos.
Febre irregular e prolongada, anemia, indisposição, palidez da pele e ou das mucosas, falta de apetite, perda de peso e inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço também são sinais clínicos comuns.
O estado de Santa Catarina era considerado indene para Leishmaniose Visceral. No entanto, em 2010, foram registrados e relatados na cidade de Florianópolis os primeiros casos autóctones da doença (quando ela é transmitida dentro do próprio território). Bairros como Saco dos Limões, Itacorubi, Costa da Lagoa, Córrego Grande e Lagoa da Conceição estão entre os mais afetados.
Um dos principais desafios de combater a Leishmaniose Visceral é a dificuldade de identificá-la em animais domésticos. Cerca de 80% dos cães infectados com a doença não apresentam sinais clínicos. Eles costumam conviver lado a lado com seres humanos. Os mosquitos podem facilmente picá-los e, em seguida, picar e infectar uma pessoa.
Prevenção
A ocorrência de várias espécies do protozoário leishmania torna difícil controlar e combater a doença. Em geral, as medidas de prevenção estão ligadas ao controle do mosquito (vetor) e à vacinação dos pets.
Locais com acúmulo de fezes de animais, restos de vegetais e folhas costumam atrair os mosquitos vetores da doença. O mosquito-palha, por exemplo, procura locais sombreados e com acúmulo de resíduos orgânicos em decomposição para se reproduzir.
Limpar os terrenos, casas e evitar a criação de porcos, galinhas e de outros animais em áreas urbanas é uma das formas de prevenção. Outra recomendação é proteger-se com roupas longas, calçados e repelentes em áreas de mata ou entornos, especialmente a partir das 17h (horário de maior atividade dos mosquitos).
Também é importante manter o seu pet longe dos insetos. Converse com o médico veterinário dermatologista sobre a utilização de produtos repelentes e, especialmente, sobre a vacina.
Vacina contra Leishmaniose
Antes de ser realizada a vacinação para a Leishmaniose, obrigatoriamente o animal deverá realizar exames de sangue para a doença. O objetivo é verificar se o cão já possui a doença, já que esta enfermidade pode estar em estado subclínico (sem alterações clínicas visíveis). Se o cão já estiver com leishmaniose, a vacinação é contra indicada, pois seu quadro clínico pode ser prejudicado se a vacina for aplicada.
A vacinação contra Leishmaniose deve ser feita em cães a partir de 4 meses de idade. O protocolo completo deve ser feito com 3 doses, respeitando o intervalo de 21 dias entre cada dose (aplicação). A revacinação é anual, contada a partir da 1ª Dose.
Cuide da saúde do seu pet e de toda a sua família. Visite o médico veterinário com frequência, faça todos os exames necessários e previna-se contra a leishmaniose. Na Vet Village, os cuidados são rigorosos. Aqui, o seu amigo recebe a atenção e o cuidado que merece.