Blog

pulgas

O tratamento para a dermatite alérgica à saliva das pulgas (DASP)

As pulgas são os parasitas mais comuns em cães e gatos. No entanto, diferente do que muitas pessoas pensam, os pets não nascem preparados para lidar com essa infestação. Assim como os seres humanos podem ser alérgicos a picadas de insetos, muitos animais (especialmente os de raça pura) são especialmente sensíveis às pulgas – e sofrem bastante com elas.

Nesse texto, nós mostraremos a você como acontece a infestação desse parasita, quais as consequências e como é feito o tratamento da Dermatite Alérgica à Saliva das Pulgas (DASP) – uma das doenças cutâneas mais comuns entre os pets.

O ciclo das pulgas

As pulgas alimentam-se de sangue e possuem uma capacidade de reprodução extraordinária. Podem gerar e depositar no animal hospedeiro até 100 ovos por dia. Em condições ideais (geralmente na primavera e no verão), uma pulga pode levar apenas 21 dias para sair dos estágios de desenvolvimento iniciais e tornar-se adulta.

Apesar de serem postos no animal hospedeiro, os ovos das pulgas não são aderentes. Eles costumam cair da pelagem do cão e do gato, e serem depositadas no solo. São frequentemente encontrados em frestas no chão, peitoris de janelas, cadeiras e demais locais onde o pet costuma repousar.

“Uma pulga pode gerar até 300 novas pulgas adultas. Para cada pulga que vemos no animal, existem outras 19 em formatos imaturos” Dr. Adriano de Souza Neto, M.V Especializado em Dermatologia veterinária (CRMV-SC 4404).

As larvas das pulgas que eclodem dos ovos são bastante ativas, mas evitam a luz e a baixa umidade. Costumam procurar abrigo em fendas, vegetação e tapetes, formando casulos. O adulto jovem, recém emergido, é muito resistente, e pode sobreviver em condições adversas por longos períodos.

Quando um hospedeiro em potencial é detectado pelas pulgas (por temperatura corporal e CO2), elas saltam à procura de abrigo entre os seus pelos, para reproduzir e iniciar um novo ciclo.

“As pulgas costumam se instalar nas regiões lombares, sacrais, no interior da coxa, abdômen e pescoço dos animais. Além disso, grandes infestações podem acontecer na casa ou no jardim do dono do pet sem que ele perceba” Drª Suzana Ribeiro Matsumoto, M.V Especializada em Fisioterapia e Reabilitação Animal (CRMV-SC 3824).

Dermatite alérgica

Sempre que uma pulga se alimenta de sangue, insere na corrente sanguínea do animal hospedeiro uma quantidade significativa de saliva. A dermatite alérgica inicia dessa forma: muitos animais são sensíveis aos componentes (enzimas) presentes na saliva das pulgas.

“A saliva da pulga na corrente sanguínea do animal pode provocar uma reação alérgica exagerada. Cães e gatos podem apresentar hipersensibilidade e inflamações graves” Dr. Adriano de Souza Neto, M.V Especializado em Dermatologia veterinária (CRMV-SC 4404).

Sintomas

A dermatite alérgica à saliva da pulga costuma provocar inflamação na pele, pápulas (pequenos caroços) e coceira intensa nos cães e nos gatos. As escoriações constantes (autotraumatismo) podem  levar à lesões e feridas. Falhas nos pelos podem ser percebidas, assim como pele eritematosa (avermelhada) e com presença de crostas.

“Os cães costumam coçar, morder-se e esfregar-se no chão. Os gatos passam a lamber-se constantemente e podem vocalizar devido ao incômodo” Drª Suzana Ribeiro Matsumoto, M.V Especializada em Fisioterapia e Reabilitação Animal (CRMV-SC 3824).

Em casos mais graves, pode ocorrer inflamação e falha crônica na pelagem (alopecia). A pele do animal pode descamar e tornar-se mais escura (hiperpigmentada) e grossa (hiperqueratose). A DASP pode gerar focos de  infecções secundárias por bactérias.

Diagnóstico

O diagnóstico da DASP deve ser feito por um médico veterinário, principalmente especializado em dermatologia. Ele deverá estudar toda a história clínica do animal e realizar um exame físico completo. A intenção é buscar sinais clínicos específicos da dermatite, e observar se existe a infestação por pulgas no animal e/ou ambiente, para confirmar o quadro de DASP.

Nesse ponto, a contribuição dos tutores sobre os detalhes do comportamento do cão e do gato é bastante importante. No entanto, mesmo sem a presença do inseto, o dermatologista veterinário é capaz de identificar e diferenciar a dermatite através dos sinais presentes na pele do mesmo.

“Existem lesões dermatológicas típicas da DASP, em regiões específicas. Mesmo sem pulgas visíveis, é possível identificar os sinais da infestação e da dermatite” Dr. Adriano de Souza Neto, M.V Especializado em Dermatologia veterinária (CRMV-SC 4404).

Tratamento

A princípio, o tratamento da Dermatite Alérgica à Saliva da Pulga (DASP) visa reduzir ao máximo o número de picadas sofridas pelo animal e o seu sofrimento. O controle das pulgas deve ser feito tanto no pet quanto no ambiente em que ele vive.

O controle ambiental das pulgas pode ser bastante difícil, especialmente para quem mora em casas com grandes terrenos e com vizinhos que também possuem animais. No entanto, recomendamos as seguintes medidas:

  • Aspirar com frequência tapetes, carpetes, sofás e cortinas – especialmente nos locais em que o animal mais frequenta;
  • Lavar com frequências os cobertores, travesseiros, almofadas e camas dos pets com água quente e detergente;
  • Ter atenção especial à frestas e ranhuras dos pisos principalmente.

Além do controle ambiental, existem hoje opções de medicamentos pulicidas orais bastante eficientes. São biscoitos que podem ser dados para o cão ou gato com periodicidade de 30 a 90 dias.

Durante as crises agudas de DASP, o objetivo do tratamento é amenizar os sintomas e controlar as infecções. Cabe ao dermatologista veterinário avaliar as lesões e inflamações na pele do animal.

“Cada caso deve ser analisado individualmente. Dependendo da situação, shampoos terapêuticos dermatológicos, podem ser usados para aliviar os sintomas e as inflamações provocadas pela saliva das pulgas” Drª Suzana Ribeiro Matsumoto, M.V Especializada em Fisioterapia e Reabilitação Animal (CRMV-SC 3824).

“O dermatologista veterinário avalia também a ocorrência de infecções bacterianas secundárias. O uso de antibióticos e de medicamentos anti-inflamatórios pode ser necessário” Dr. Adriano de Souza Neto, M.V Especializado em Dermatologia veterinária (CRMV-SC 4404).

Importante

 As pulgas podem hospedar e transmitir um verme muito comum que parasita cães e gatos. É o Dipyilidium caninum, conhecido popularmente como “verme chato”.

“O Dipylidium caninum tem como hospedeiros intermediários as pulgas do gênero Ctenocephalides e Pulex (em particular as larvas, devido à largura das suas peças bucais, que permitem a ingestão dos ovos), Ctenocephalides felis e canis, Pulex irritans” Dr. Adriano de Souza Neto, M.V Especializado em Dermatologia veterinária (CRMV-SC 4404).

A transmissão ao hospedeiro definitivo ocorre através da ingestão acidental de pulgas já parasitadas pelo verme. Isso costuma acontecer quando os animais se lambem ou quando se coçam e se mordem simultaneamente, ingerindo o Dipylidium.

Cuide da saúde da sua família. As pulgas e demais parasitas podem transmitir doenças graves, inclusive para os seres humanos. Visite o dermatologista veterinário, garanta mais qualidade de vida para o seu pet e proteja-se!

A Vet Village é especializada em dermatologia veterinária. Aqui, o seu pet é tratado com carinho e com todo o cuidado que merece.